Já contamos aqui a história dos primeiros alarmes automotivos. No passado, recursos deste tipo eram simples, mas com o tempo, foram ficando sofisticados para acompanhar a evolução dos criminosos. Enquanto os ladrões de veículos de antigamente precisavam apenas destravar uma porta para furtar um carro, atualmente, é preciso ter conhecimento e ferramentas para vencer barreiras físicas e eletrônicas. O alarme do seu carro é mais uma destas barreiras eletrônicas... e seria muito bom se um alarme servisse para tudo que queremos proteger, mas infelizmente a vida moderna não é tão simples.
O símbolo da vida moderna é um equipamento muito presente e indispensável para a população economicamente ativa: o celular. Na distante década de 90, celular era um telefone portátil que servia para fazer ligações e receber "torpedos", os conhecidos SMS. Um pouco depois, os mais afortunados tinham um Blackberry com teclado físico e algumas funções ou um Nokia N95, pequeno e poderoso, com recursos básicos que iam além de fazer ligações. Por algum tempo, celular foi apenas isso: um telefone. Mas aí um tal de Steve Jobs mudou as regras do jogo.
O iPhone levou o celular para um novo estágio. Além de ligações, podíamos ouvir música, jogar games mais complexos e usar aplicativos para diversos fins. Então vieram todos os outros modelos de celular que usamos hoje. Dali, para que o celular se tornasse o centro das nossas vidas foi um pulinho... bastou ter internet de qualidade, que permitisse ter acesso a bancos, cartões de crédito e lojas virtuais. Hoje, se alguém tem acesso ao seu celular, tem o poder de fazer compras em seu nome, acessar informações sensíveis, publicar em redes sociais e movimentar dinheiro em contas correntes. Falando assim, parece perigoso, porém quase sem importância, mas não se iluda: um celular recheado de aplicativos importantes e com acesso a diversos serviços pode ser uma fonte gigante de problemas se tudo cair na mão de criminosos, sem qualquer proteção.
A PROTEÇÃO DAS SENHAS
Senhas não são novidades. Nós já a usamos em cartões de crédito, por exemplo, desde antes do primeiro celular existir. Acontece que em um mundo digital, a proteção oferecida por uma senha simples é muito superficial. Os profissionais do crime têm acesso a ferramentas que conseguem quebrar uma senha de 4 ou 6 dígitos com relativa rapidez.
Para piorar as coisas, a escolha das senhas não é levada a sério por muita gente. E justamente por isso, grande parte das pessoas usa números repetidos, sequências numéricas e datas de nascimento como senhas, facilitando a vida de quem escolheu o caminho errado. A palavra "senha" e a sequência numérica "123456" estão, há muitos anos, liderando a lista de senhas mais usadas no Brasil. No exterior é a mesma coisa, com palavras simples no idioma local (ex: "password", que significa "senha" em inglês).
Além da escolha por senhas consideradas óbvias, há um fator a mais para complicar as coisas. Como é difícil memorizar senhas, muitas pessoas usam a mesma senha em diversos lugares. Assim, quando alguém invade o seu celular e descobre que a senha usada naquele joguinho bobinho é, por exemplo, "Ab2022xx", vai ficar muito feliz ao tentar usar a mesma senha em lojas virtuais ou aplicativos financeiros e ver que funciona! Já pensou que com essa atitude você acaba por ajudar um ladrão de celular a comprar tênis bacanas, roupas da moda ou a fazer um PIX para um traficante? Pois é...
UM NÍVEL EXTRA DE SEGURANÇA
Criar senhas mais complexas é uma prática aconselhável. Exceto se você for uma pessoa dotada de uma supermemória, é lógico que se sua senha for "3@bN#91X" você não vai conseguir memorizá-la, mas quase todo lugar oferece o recurso "Esqueci minha senha", que envia lembretes para o seu e-mail ou mesmo um link para criar uma nova senha. Dessa forma, senhas muito confusas são viáveis em alguns casos.
Outra solução é utilizar senhas diferentes em cada serviço. Se cada senha que você usa for diferente das outras, é virtualmente impossível que um criminoso as descubra. Lógico que você não pode criar um arquivo escrito "senhas" e salvar uma lista com todas as senhas que usa no seu celular! ;-)
O nível extra de segurança, no entanto, é garantido por uma expressão que já é comum para quem acessa serviços que exigem senha: a AUTENTICAÇÃO DE DOIS FATORES.
A autenticação de dois fatores adiciona uma segunda camada de proteção à sua conta, aplicativo ou serviço para acompanhar seu método normal de login. Na maior parte dos casos, após inserir a senha, um código aleatório é gerado e via SMS é enviado para o seu celular. Ao informar este código, o acesso é liberado.
Enviar um código de segurança adicional para o celular aumenta muito a proteção, mas em casos onde você está usando o próprio celular para fazer o login, isso pode parecer estranho. Por isso há outras formas de adicionar uma camada de segurança ao processo, como acontece com links enviados para o seu e-mail, PINs (códigos numéricos simples) gerados em um aplicativo ou até mesmo um token físico, que exibe um código a ser informado na hora do login (Itaú, Bradesco e alguns outros bancos servem como exemplos de uso de tokens físicos, já que os correntistas têm um "chaveirinho" fornecido pelo banco, usado para gerar números aleatórios).
A autenticação de dois fatores não está disponível em todos os lugares, já que é a plataforma que decide se vai usá-la ou não. É por isso que o "Banco X" pode oferecer o recurso e o "Banco Y" ter disponível apenas a proteção por senha.
COMO SE PROTEGER MELHOR
A primeira dica é, sem dúvida: use a autenticação de dois fatores como a que existe no WhatsApp quando estiver disponível. Lembre-se que já é possível até mesmo realizar pagamentos pelo aplicativo. Além disso, vamos listar outros lembretes simples e rápidos, mas que, quando combinados, aumentam muito a segurança dos seus dados e do seu patrimônio no ambiente digital.
1 - Evite senhas óbvias, fáceis de descobrir, ou seja, não use o nome do cachorro, do filho, o time do coração, a cidade onde nasceu, a data do seu casamento ou aniversário. Prefira senhas que combinam letras maiúsculas e minúsculas, números e caracteres especiais, como por exemplo: Ab29#x ou stu$57#a
2 - Não use a mesma senha em diferentes lugares. A senha que libera o acesso ao seu celular deve ser usada apenas para este fim. A senha de um banco, somente naquele banco, mesmo que você tenha conta em outras instituições, e assim por diante.
3 - Anotar suas senhas não é uma decisão muito boa, mas se for fazer isso, faça em um lugar inacessível e bem protegido. Em outras palavras, em vez de criar um arquivo chamado "senhas" e salvá-lo no seu computador ou celular, prefira criar uma lista de senhas em papel e guarde tudo em lugar diferente do habitual, longe dos equipamentos que usa para acessar serviços, aplicativos e afins.
4 - Se optar por anotar suas senhas, não use a palavra "senha" como título e não coloque o nome de cada coisa de forma clara. Por exemplo, se você tem uma senha no Banco do Brasil, não escreva "Senha Banco do Brasil = 578163" na sua lista. Use um código ou alguma variação que você entenda como "Dindin R$ 578163" ou "578163 BBB". Lembre-se que uma pessoa curiosa pode tropeçar na sua lista, portanto, torne a vida de um eventual oportunista mais difícil.
5 - Não divulgue informações demais nas redes sociais, já que aquilo que você divulga pode ajudar uma pessoa mal-intencionada a organizar informações a seu respeito. Por exemplo: com seu nome completo e o nome da faculdade onde você estudou, há uma chance de descobrir seu CPF.
6 - Não clique em links suspeitos, pois eles podem instalar programas espiões que roubam suas senhas e outros dados. Se você receber um SMS ou uma mensagem no WhatsApp e tudo parecer estranho, não clique, não responda, não interaja: apague a mensagem. "Mas eu tenho conta no Itaú e a mensagem dizia que era para eu atualizar meus dados, senão eu perderia meu acesso à conta!"... pois é, criminosos usam coisas que parecem verdadeiras... se receber algo estranho e ficar com receio de ser prejudicado, NÃO CLIQUE NO LINK E NÃO INTERAJA: ligue para seu banco e fale com o seu gerente antes de tomar uma decisão.
7 – Há muitos golpes de “pedido de empréstimo”, onde o criminoso consegue furtar um celular ou o número do celular de uma pessoa e se passa por ela para pedir dinheiro. Se receber mensagens de um amigo com este tipo de questão, sendo que este amigo não tem este tipo de comportamento ou liberdade com você, desconfie. Encerre a conversa ou, se achar necessário, ligue para o amigo e converse com ele.
8 – Ao receber ligações de telemarketing, JAMAIS FORNEÇA INFORMAÇÕES sensíveis. É muito comum que criminosos liguem se passando por um atendente de algum banco ou empresa séria e diga que você tem dinheiro a receber, fazendo a conversa evoluir para a confirmação dos seus dados. Diante de uma conversa deste tipo, encerre o contato. Se tiver dúvidas, ligue para a empresa usando um número conhecido (use o Google para pesquisar, se preciso) e busque explicações.
9 – Se tiver o celular furtado, faça duas coisas antes de qualquer outra: (1) ligue para sua operadora, comunique o fato e peça o bloqueio da linha, informando também o IMEI do seu aparelho e (2) acesse o site da polícia do seu estado e registre um Boletim de Ocorrência, o B.O., pois algumas operadoras solicitam uma cópia desse documento – Se não sabe onde fazer isso, use o google e busque por: “Registrar B.O. roubo de celular XX”, onde as letras “XX” são a sigla do estado onde você mora. Para descobrir seu IMEI, acesse o discador do aparelho e digite *#06#. Assim que o número IMEI aparecer na tela, você poderá compartilhar via e-mail ou anotar em um lugar seguro.
10 – Em casos mais extremos e, principalmente, para aumentar seu nível de proteção, caso tenha o celular roubado, acesse os serviços que usa e altere a sua senha. Comece pelos bancos, por motivos óbvios, mas siga mudando sua senha em lojas virtuais e em todos os outros lugares que lembrar. Assim a pessoa que estiver com seu celular não conseguirá acessar os serviços ou fazer transações usando o dispositivo.
Pronto... as 10 dicas acima são muito valiosas. Ao segui-las, você levará sua proteção para outro nível! Faça o que for possível e lembre-se sempre que a maior proteção não vem da senha ou da autenticação de dois fatores, mas sim do seu comportamento: adote sempre um comportamento cuidadoso e reaja prontamente diante de riscos, seja encerrando o contato com pessoas suspeitas, seja bloqueando serviços e alterando senhas. Ao trazer estas questões para discussão, a KOSTAL vai além dos alarmes para proteger você e seu patrimônio!