A notícia chegou em fevereiro de 2019 e abalou o mercado: a Ford fecharia as portas no Brasil. A vida de milhares de famílias foi severamente abalada, assim como a rede de fornecedores e revendedores da tradicional marca. Em outra parte dos atingidos pela notícia, quem tinha um Ford na garagem tinha uma nova preocupação: e agora?!
A primeira questão nos faz pensar no valor dos carros da marca. Embora o fechamento das fábricas no país gere receio, o fato é que carros envelhecem e perdem valor todos os dias. A desvalorização é um fato, e depois do susto inicial, as tabelas do mercado mostram que o medo foi muito maior que o impacto real. Os carros seguirão tendo valor e as negociações vão acontecer normalmente por muito tempo.
Mas não queremos falar do mercado de compra e venda de veículos. Nosso foco aqui são as peças de reposição para a base instalada... e a notícia é boa!
A Ford foi a primeira montadora de automóveis a se instalar no Brasil, em 1919. Até o final de 2021, os carros da marca correspondiam a 10,03% da frota brasileira (segmento de veículos leves, até 3,5 toneladas). Para quem gosta de números mais diretos, em dezembro de 2020 haviam 4,4 milhões de veículos Ford rodando pelas ruas e estradas do país. É indiscutível que a frota vai diminuir com o tempo, já que os carros mais antigos sairão de circulação e serão substituídos (provavelmente) por veículos de outras marcas, mas mesmo assim, haverá milhões de automóveis Ford nas ruas e isso vai manter o mercado de manutenção e reposição aquecido por anos.
Reportagem de janeiro de 2022 do UOL apontava que o PROCON contava com 30 reclamações de consumidores sobre a falta de peças Ford. Os relatos destacavam a espera que ia de 20 dias a até 6 meses para a entrega de peças como retrovisores, airbags, central multimídia e outros. Além do PROCON, grupos do Telegram confirmam que há atrasos em alguns casos, sendo que o "Módulo TCM do Powershift" é o campeão das dores de cabeça - com relação a este item, revendedores afirmam que a falta é real, devido à extensão da garantia, que aumentou o número de substituições. Questionada sobre o assunto, a Ford lembra que há uma escassez global de semicondutores que afeta todas as montadoras e esta questão acaba influenciando. Apesar dos problemas pontuais, a informação que predomina é que a maior parte das peças está em estoque nas concessionárias.
Até março de 2021 a marca contava com 283 concessionárias na rede autorizada. Após o encerramento das operações da Ford, o volume total foi reduzido para 38,9% da rede original, mantendo disponíveis 110 autorizadas.
Qual é o resumo desta história?
Os proprietários de veículos Ford têm uma rede autorizada reduzida, mas presente nas principais cidades do país. Os serviços para quem busca mão de obra especializada e peças originais seguem disponíveis. Algumas peças demandam um tempo de espera maior e, casos mais específicos podem exigir prazos mais longos, principalmente se o componente for afetado pela crise mundial que envolve os semicondutores.
A base instalada conta com uma extensa malha de fornecedores que atenderam a montadora durante sua operação no país. Neste ponto, vale destacar que quando falamos em MONTADORA, estamos falando de uma empresa que recebe componentes e monta veículos, ou seja, a rede produtora dos componentes sofre algum impacto com a saída da Ford, mas continua operante, principalmente porque ainda temos milhões de veículos da marca.
Tudo indica que os próximos anos não trarão muita surpresa para os proprietários quando for preciso buscar por peças originais. Certamente os modelos mais antigos terão dificuldades pontuais, mas isso é consequência do envelhecimento e não da saída da empresa do Brasil.